Discípulo do Mestre de Nazaré e também escritor, articulista, professor e administrador (detalhes).

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Loucura e Sanidade - A Vaidade dos Sentidos

Fachada do Museu do Cairo, no Egito (2010)
Alguém já disse que de médico e louco, todos nós temos um pouco. Verdade? Deve ter sido um médico, e psiquiatra, pelo visto, o autor da frase. Na verdade talvez todos nós tenhamos um traço de médico quando tentamos curar os males do mundo. Mas o traço de loucura e de alienação está presente em todas as profissões e não somente na medicina, em todas as atividades humanas, suas formas de expressão, cultura, artes, política, educação, religião, etc. 
Que o digam os psicólogos e psiquiatras de plantão. Quem não ouviu dizer que aqueles que tratam o tema da loucura são justamente os maiores malucos? Será? Talvez sejam os mais sensatos, os que mais entendem dos desvios e distúrbios da mente humana na mais completa objetividade. Quem, porventura, sabe os limites da loucura?
Particularmente, eu creio no universalismo do pecado (a causa-mor de todos os desvios). A verdade é que o pecado tornou doentes a todos os homens (e mulheres). Somos uma raça débil, desde que nos afastamos do propósito original de Deus. Perdemos a rota, a referência, o ponto de sanidade no Éden. Ainda hoje nos deslumbramos diante de coisas pequenas que percebemos como grandes. 
Com todo o avanço da ciência, ainda prevalece em muitos campos a superstição. Apesar da absoluta coerência da Palavra de Deus nos seus múltiplos contextos, ainda percebemos que o discurso dos religiosos se distancia enormemente da prática. 
Nos escritos de sabedoria, a loucura contrasta com o bom siso, a imprudência com a sensatez, o descontrole com o domínio do espírito. Não obstante, o que vemos justamente nos locais de culto e nas organizações de fins religiosos ou beneficentes é o domínio da incoerência, a falta de discernimento do tempo oportuno e a consequente antecipação de ações que poderiam dar certo, mas acabam dando errado pela precipitação em implementá-las. 
Outro viés da loucura (em contraste à verdadeira sabedoria de Tiago 3:17) é o ranço autoritário de muitos líderes que lidam com o sagrado, traduzido na máxima do "manda quem pode, obedece quem tem juízo" (ou seja, o medo é o motivador da obediência, quando deveria ser o amor). Quem ama cumpre a lei sem fazer força, "de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Romanos 13:10b).
Nós sabemos, pelas Escrituras, que o convencimento é sempre o melhor caminho. Toda imposição viola a liberdade de consciência. O Espírito Santo, nas palavras de Jesus, tem como seu principal e destacado papel o de convencer os homens do pecado ("porque todos pecaram" - Romanos 3:23), da justiça (Deus é Justo - "ao culpado não tem por inocente" - Naum 1:3; Números 14:18; Êxodo 34:7) e do juízo ("o salário do pecado é a morte" - Romanos 6:23). Portanto, toda ação que o homem tomar será objeto, no tempo oportuno, de uma chamada à responsabilidade, quando suas ações e motivações serão pesadas na balança do Todo-Poderoso.
Jesus também disse aos seus discípulos que ninguém deveria almejar ser grande, pelo contrário, se alguém tivesse alguma ambição de domínio que se fizesse servo de todos. E mesmo sabendo disso, alguns líderes que conhecem (pelo menos no intelecto) as palavras de Jesus, ainda assim insistem em se impor pela força, como que querendo ter domínio sobre o rebanho de Deus. Todavia, as sagradas letras nos alertam: "Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zacarias 4:6b). Quando o Espírito Santo toma a frente não há trauma, não há resistência, não há peso.
Mas o que dizer dessas coisas, desses desvarios que vemos a torto e a direito? Vemos a evidência de que todos nós pecamos e fomos destituídos da glória de Deus. Precisamos achar urgentemente o caminho de volta. Ok, o Caminho é Jesus! Mas muitas vezes estamos na igreja e fora do caminho, estamos na religião e ainda assim não fomos religados a Deus na vida do seu Espírito. A carne para nada aproveita, mas deixamos que ela guie e conduza muitas de nossas ações, sob a máscara do serviço religioso - e isso acontece quando julgamos ter o melhor método ou a melhor estratégia - mas no fundo, no fundo, é só vaidade de sentidos. 
O nosso corpo (inclusive o cérebro e seus processamentos) é um corpo de pecado - esta é uma verdade teológica - mas cremos que seremos redimidos, conforme as Escrituras. Enquanto a nossa salvação não se consuma, o nosso corpo geme, a nossa velha natureza insiste em nos desviar do alvo. 
Precisamos urgentemente clamar a Deus por sanidade. E equilíbrio, moderação, sabedoria, longanimidade, paciência, amor - tudo o que está dentro da Bíblia. Mas a Bíblia - a Palavra de Deus - está verdadeiramente dentro de nós?