Discípulo do Mestre de Nazaré e também escritor, articulista, professor e administrador (detalhes).

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A emblemática "Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal"

Tamareira - Mosteiro de Santa Catarina, no Sinai (Egito)
De vez em quando, creio que por uma provocação mais elevada, vou e volto ao mesmo tema da emblemática "Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal", descrita no livro do Gênesis, que reflete o enigma de uma escolha fundamental, espiritual, existencial e legal, cujos reflexos até hoje são sentidos.
Quando vemos uma obra de arte tão inspiradora e bela, o sorriso de uma criança ou o ato caridoso de um coração sensível à necessidade do próximo não temos dúvida da presença do bem [na prática] entre nós. Mas também quando vemos pessoas mortas por torpe motivo, assassinos embrutecidos, crueldade e violência, até compatriotas executando uns aos outros por motivos políticos ou religiosos [veja o que acontece na Síria, hoje, por exemplo] fica evidente que o ser humano tem também o mal presente na sua própria experiência.
No Éden, palco da Queda [no sentido teológico e místico do termo, enquanto legítima rendição ao pecado], escolhemos [nos lombos de quem herdamos os gens: Adão, nosso ancestral comum] um caminho que nos levaria à pretensa e ilusória condição de sermos "semelhantes a Deus". Assim, insuflou a serpente o seu veneno, cuja intenção não era nos promover, mas nos derrubar...
Na verdade, a tentação foi um teste de caráter e de fidelidade, no qual falhamos miseravelmente ao duvidarmos da santa intenção de quem nos dera o presente da vida. Nossa escolha, porém, por mais equivocada, não foi subvertida pelo Criador. Na sua justiça intrínseca, Deus permitiu que colhêssemos as consequências que hoje experimentamos não só nas manchetes dos jornais, mas em nosso próprio corpo, destituído da glória de sua pureza ou inocência original [aquém ou além do bem e do mal]. Veja que antes do fatídico ato de comer do fruto proibido, não havia a vexação ou o sentimento de haver se comportado de forma errada ou inadequada: "E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam" (Gênesis 2:25).
Podemos dizer, inclusive, que a consciência da nudez do corpo foi já uma proto-manifestação desse conhecimento pelo qual vendemos a alma e que, segundo o profeta Daniel, haveria de se multiplicar: "E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará" (Daniel 12:4). E não duvidamos da fidelidade da profecia, cujas evidências pulam das páginas da internet, celulares, fibra ótica, microchips, smartphones, e-books etc.
Mas, no fim das contas, perdidos nesse mar de conhecimento quase autônomo [sob os augúrios da inteligência artificial], precisamos mesmo é encontrar o caminho de volta (ou da reconciliação). Volta à relação de íntima confiança e fidelidade a Deus; volta à condição de santidade ou incontaminação originalmente projetados por Deus para uma comunhão perfeita no espírito. E sabemos que o pecado, cujo salário é a morte, nos afasta de Deus. Assim como, legalmente, por um ato de vontade, saímos do domínio de Deus e nos sujeitamos à ordem do mundo, o qual "jaz no maligno" (1 joão 5:19), precisamos também dizer não ao pecado e nos submeter à boa, agradável e perfeita vontade do Deus que nos quer bem. Submissão é algo que provoca ojeriza em muitas pessoas, mas no reino espiritual ou você está sujeito ao diabo (à operação do erro) ou a Deus; não há neutralidade.
E esta reconciliação (volta/resgate) é não só anunciada, como implementada, pelo Senhor Jesus Cristo, por meio do qual Deus concede ao homem outra oportunidade, agora para exercer o seu livre arbítrio em favor da sua própria vida [pois a primeira escolha trouxe morte]: "E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação. Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação" (2 Coríntios 5:18,19).
Tudo isso, porém, teve um preço, pago pelo sacrifício do Filho de Deus, o qual "na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois [judeus x gentios; religiosos x pagãos] um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito" (Efésios 2:15-18).
A proposta de Deus é paz, reconciliação e vida, mas a escolha continua sendo do homem - ela é sua! Ou você segue o caminho largo e espaçoso da perdição, configurado na teimosa insistência em conhecer cada vez mais profundamente o pecado, e suas consequências, reiterando sua proclamação de independência [e rivalidade] a Deus; ou você segue o caminho da reconciliação, do retorno à santidade e pureza de coração, da submissão voluntária aos princípios e valores propostos pelo Criador, tais como expressos na sua Palavra.
Todo conhecimento à parte de Deus é vaidade e não pode produzir fruto para a vida eterna; todo fruto de árvore não regenerada (carnal) é fruto corruptível; toda obra do velho homem é obra morta; toda prática de vida à revelia do conselho divino é vã, não importa sua tradição ou paternidade: 
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós; e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus; purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro; sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva.Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre.E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada" (1 Pedro 1:18-25).