Discípulo do Mestre de Nazaré e também escritor, articulista, professor e administrador (detalhes).

sábado, 14 de dezembro de 2013

A ilusória prosperidade dos ímpios

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (15/12/2013): "A ilusória prosperidade dos ímpios". Baseada em Eclesiastes 9:1-6, a lição deste domingo esclarece que a medida do mundo não adere à medida como Deus nos avalia, quanto à natureza dos nossos atos ou ao nosso caráter.

De fato, os justos não são necessariamente os mais prósperos do ponto de vista material; também o sol não é exclusividade dos bons. Os dons da natureza são para todos, como também o mal (ou fatalidade) não atinge apenas os maus, mas todos estamos vulneráveis à imprevisibilidade da vida.

A primeira constatação que fazemos nesta lição é que o mal domina as expressões da vida, em todas as suas formas, distorcendo a percepção que o homem tem das coisas e da sua própria existência. Segundo, e por consequência, o homem natural (filósofo, sábio, teólogo, etc.) jamais pode esclarecer o sentido de tudo o que acontece debaixo do sol. Terceiro, sem a iluminação da graça, o desfecho ou conclusão do pensamento humano é de que "tudo é vaidade" e que não vale a pena ser íntegro ou justo em um mundo que concede aos maus uma aparente vantagem competitiva sobre os bons e que, no final, a morte é o fim de todos.

No livro de Eclesiastes está presente esse fatalismo para com a vida que se vive "debaixo do sol", o que não nos causa estranheza, haja vista a visão dúbia do homem que se desvia de Deus. Assim, não podemos perder de vista o contexto histórico do livro de Eclesiastes e do seu autor, Salomão, que no fim da vida se deixou envolver pela cultura pagã das suas muitas consortes, desviando-se do caminho de Deus e tornando-se infiel na aliança estabelecida com a casa de Davi. E, sob este prisma, o livro de Eclesiastes nos mostra até que ponto um homem (ainda que sábio) pode afastar-se da graça de Deus, perdendo-se em devaneios.

Não obstante, ratificamos que o registro bíblico é todo inspirado, sendo proveitoso para o nosso ensino e aprendizado. A Bíblia não oculta as falhas de ninguém, não faz vista grossa ao pecado, mas registra o bem e o mal, para que possamos conhecer a verdade, sem maquiagem. Se Salomão tivesse permanecido fiel, Deus confirmaria sobre ele o trono de Davi, para sempre, mas pelo seu pecado veio a cisão do reino... ou seja, veio o juízo, o que [contrariando as falas do "pregador"] evidencia que Deus faz diferença sim entre o que serve a Deus e o que não serve, entre o justo e o infiel: "Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve" (Malaquias 3:18).

O salmista, no Salmo 73, só foi capaz de entender este aparante paradoxo, acerca da prosperidade dos ímpios [que é circunstancial], quando entrou no tabernáculo de Deus: "Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles" (Salmos 73:17). Somente no aconchego do Pai celeste, no exercício da comunhão, é que a iluminação do Espírito Santo lança fora o pessimismo e a perplexidade. Então entendemos tudo! A verdadeira prosperidade transcende esta vida e adentra os portais eternos, pois o fim do justo é muito diferente do destino dos ímpios. Portanto, para finalizar, somente a perspectiva de eternidade dá-nos condição de ver além do imediato, além das aparências.

Todas as coisas sobre esta Terra (ou debaixo do sol) terão o seu fim (e não tarda). Mas há abrigo na graça, como diz o hino 334 da nossa Harpa Cristã:
"O fim de todas coisas vem, não tarda, cuidado!
Não queiras hoje recusar a graça do Salvador:
Procura bem depressa, ficar abrigado,
No sangue do Cordeiro, no sangue remidor."